MPB Tambor da crioula

Tecnomacumba
Rita Ribeiro
Mana Xica
R$ 30, em média


Maranhense Rita Ribeiro apela para sincretismo musical e religioso e gera excelentes vibrações para 2007

Goiânia, 27/12/2006 - quarta-feira - edição n° 6991
Adalto Alves
Da editoria do DMRevista

Tecnomacumba, de Rita Ribeiro, é obra de sincretismo. Religioso, em primeiro lugar. Ninguém usa a palavra macumba de maneira impune. Ela carrega preconceitos. Muita gente pensa que macumba tem algo a ver com magia negra. A palavra negra, nesse contexto, também leva sua carga de significados errados. Mas, enfim, a partir da capa, Rita Ribeiro capricha nas referências místicas. Claro que, no caso dela, macumba quer dizer, essencialmente, ritmo, levada, batuque. Um jeito de corpo. O que pode ser entendido, em resumo, como transe.

Nesse momento, entra a comunhão com tecno. O sincretismo, agora, migra para o terreiro da música. Tecno sugere interferências eletrônicas. Mas não se trata, aqui, de interferências retiradas de uma vertente específica da música dos DJs. Pelo contrário. Sincretismo também equivale a misturas livres de receitas ortodoxas, liberdade para testar sonoridades e buscar novas soluções de arranjo. Sem, necessariamente, romper com a tradição. Mas com o desejo de enfeitar a tradição com novos adereços.

A macumba de Rita Ribeiro é coerente no chamado das entidades, como São Jorge, Cavaleiro de Aruanda, Deusa dos Orixás, Iansã, Rainha do Mar, Oxum, Jurema, Oxalá. Sob os auspícios de Jorge Benjor, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Wilson Moreira e outros. Tudo em nome da alegria. Há menos tecno, como elaboração eletrônica, do que se possa imaginar pelo nome do disco. Tecno surge mais como um delineador de conceitos. Raves não são oferendas festivas no meio do mato? A celebração percussiva de Rita Ribeiro é uma rave sob medida para gerar excelentes vibrações.

Uma saudação ao ano de 2007, que bate na porta, com os corpos vibrando no transe da dança. Salve, Rita Ribeiro!

http://www2.uol.com.br/ritaribeiro/not_tecno_28.htm